Foi um final de semana intenso. Esse é o termo. Ter um “Comida di Buteco” acontecendo no seu quintal é certeza de programa típico do carioca. Ok, o concurso começou em BH, mas tem a cara do Rio por motivos óbvios.
A sexta-feira Santa começou “devagar”, com um singelo passeio na Quinta da Boa Vista para tirar o mofo das crianças. Mas bastou um simples telefonema para a comadre “botequeira” com a pergunta “o que tá rolando por perto daqui no “Comida di Buteco?”. Conclusão, seis bares em dois dias: na Praça da Bandeira e na Ilha da Gigóia, com muita cerveja gelada (outras nem tanto), petisco de primeira, sebo nas canelas para percorrer os trajetos e, para as crianças, uma bela introdução de como é ser um legítimo carioca.
Coincidentemente, o roteiro do primeiro dia foi ideal para os iniciantes como eu. Numa tarde, com crianças, conseguimos percorrer quatro bares, todos andando. Confesso que de comida só entendo de comer, mas é impossível não terminar o dia com sensação de ser um juiz de programa de culinária.
Senhoras e Senhores, eis as avaliações:
Sem dúvida, o melhor e mais criativo ambiente de todos os visitados. Apesar de pequeno, é um pé limpo bastante aconchegante e muito bem decorado. O difícil é se segurar para ficar “apenas” no petisco concorrente, pois tem um cardápio bastante recheado e a vontade é provar tudo. Boa variedade de cervejas (todas geladas), banheiro pequeno mas muito limpo e o bate papo com a Dida é o diferencial. “A Cestinha de Hauçá”, estrela da casa para o concurso, é bem apresentada mas aparentemente parece pesada, misturando carne seca com camarão. Mas não, é muito gostosa e desmancha na boca. Vai dar trabalho na apuração, não só pelo sabor, mas pelo conjunto da obra (boteco + petisco). Sem dúvida, vale a visita.
O mais boteco de todos os visitados. Mesinhas e cadeiras de plástico na calçada, sem muito conforto e com banheiros “ok”, mas com cerveja estupidamente gelada. A mais gelada do dia. O “Mani On The Rocks” até que é gostoso, mas difícil de comer. Mesmo não sendo um expert dá para saber que deve perder ponto por isso. É um bolinho de aipim com costela bovina e queijo manteiga. Como é grande e vem espetado atravessado num copo, fica difícil de comer sem desmanchar e, mais difícil ainda, passá-lo no molho de whisky, que fica dentro do copo. Destaque para o atendimento personalizado dos garçons e donas do estabelecimento, que fizeram questão de vir conversar com a gente.
Outro ótimo pé limpo, uns poucos metros do Dida Bar. Como só abre às 18 horas, minha primeira impressão não foi boa. Não pode um bar, concorrendo no Comida di Buteco, abrir somente à noite. Uma pena, pois certamente perde alguns clientes que, ao fazer o circuito, não vão conseguir saborear o delicioso “Cucuruqui 2.0”. Na minha opinião, o melhor petisco da tarde/noite. Um delicioso bolinho de tapioca crocante por fora e bem macio por dentro, recheado de queijo e linguiça. Cerveja gelada, bom atendimento e banheiro bem limpo.
Apesar de famoso, nunca tinha ido. “Botecão” daqueles, com mesas bistrôs espalhados na calçada para agilizar o atendimento. A estrela da casa para o concurso é o “Vai fundo! Debaixo do angú tem carne… de porco!”. Ao meu ver, nome muito grande pra “pegar”. Mas como carioca gosta de abreviar tudo que tem nome comprido, vai virar o “vai fundo!”, que tem um sabor sensacional, apesar de uma apresentação apenas “ok”. Uma farta cestinha de pernil desfiado em seu próprio molho, acompanhado de polenta cremosa com queijo gratinado com provolone, parecendo um potinho de purê. Para a maioria do grupo foi o melhor da tarde/noite. Sem dúvida um fortíssimo concorrente.
Os bares do sábado valeram muito mais pela aventura do passeio. As crianças adoraram pegar o barquinho e atravessar a lagoa que dá acesso à Ilha da Gigóia (aos bebuns como nós, recomendo a Linha 4 do metrô superfaturado. A estação Jardim Oceânico fica pertíssimo das barquinhas). Quanto aos bares concorrentes, são três na ilha, mas só posso avaliar dois, já que O Poderoso Buteco estava com problemas logísticos e estava com a cozinha fechada, uma pena….
Definitivamente, restaurante que serve almoço familiar, não tem vocação para “Comida di Buteco”. Não pelo petisco, que estava ótimo, mas a espera é infernal… pois família que vai num restaurante deste tipo não leva menos de duas horas sentada. Mas “nós enverga mas num quebra”. Comemos em pé mesmo, no balcão. A “Cananéia” é uma sardinha cozida com folha de bananeira e especiarias, com vinagrete de quinoa e uma cestinha de pão. Ótimo petisco, que até as crianças adoraram, mas cerveja quente e atendimento relativamente confuso por estar muito cheio vão atrapalhar o desempenho do “boteco” no concurso.
Mesmíssimo problema do Caiçara. Só que pior. O restaurante é famosíssimo na Gigóia pelos seus pratos de almoço. Mas é um ambiente que não combina com o Comida di Buteco pela demora na liberação de mesas. E para piorar, nem balcão tem. Estava muito, mas muito lotado e, sem dúvida, o petisco mais fraco do final de semana. O Canudinho de Camarão “Gigoiano” nada mais é do que um pastel de camarão invertido com geléia de nozes. Fraco para a proposta do concurso. Ah, a cerveja estava quente e o atendimento muito confuso levou hooooras.
Enfim, este foi o resumo do final de semana. Apesar da situação quase calamitosa da nossa cidade, é legal ver estas ações para movimentar a economia local. E para nós, juízes do espetáculo, o Comida di Buteco é diversão garantida. Final de semana que vem tem mais.
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